Segundo o ONSV, 90% dos acidentes de trânsito são motivados por falhas humanas como imperícia, imprudência e desatenção. Já de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMC), o Brasil é o quinto país no mundo que mais mata no trânsito, ficando atrás apenas da Índia, China, EUA e Rússia.
São números alarmantes e muitas vezes motivados por pequenas atitudes que insistimos em realizar enquanto estamos ao volante do carro. Separamos cinco delas que podemos deixar de fazer para tornar o trânsito mais seguro para todos.
Tomar só uma cervejinha antes de dirigir
Segundo pesquisa do NHTSA, órgão responsável pelas leis viárias nos Estados Unidos, cerca de um terço de todas as mortes causadas por acidentes de trânsito no país envolve motoristas embriagados (com concentrações de álcool no sangue de 0,08%). Em 2016, 10.497 pessoas morreram nessas situações. De 2006 a 2016, foram mais de 10 mil mortes ao ano em acidentes envolvendo motoristas bêbados.
No Brasil, a lei 11.705 (popularmente conhecida como “Lei Seca”) está completando dez anos. Mas, apesar de ficar mais rígida, há motoristas que insistem beber uma (ou duas, ou três) cervejinha antes de dirigir. Amigo, não faça isso!
Segundo o Código de Trânsito, caso o motorista tenha em seu sangue 0,05 mg de álcool por litro (ou 1 decigrama por litro de sangue), ele já é considerado embriagado. No caso de um resultado igual ou superior a 0,34 mg/L por litro (ou 6 decigramas por litro de sangue), o condutor passa a responder por crime de trânsito.
Em casos menos graves, o motorista infrator ou aquele que se recusar a fazer o teste do bafômetro, pode receber sete pontos na CNH, perder a habilitação por um ano, ter o veículo retido e ainda pagar multa no valor de R$ 2.934.
Desde abril, as punições estão mais duras. Agora, o motorista dirigindo sob efeito de álcool que causar a morte de outra pessoa, mesmo que involuntariamente, responde por homicídio culposo (sem a intenção de matar) e pode ficar preso entre 5 a 8 anos, além de ter seu direito de dirigir suspenso ou proibido.
Ou seja: beber uma cervejinha e depois dirigir não vale o risco!
Dar uma espiadinha nas notificações do celular
Quem nunca deu uma espiadinha no Whattsapp entre uma paradinha e outra no trânsito que atire a primeira pedra. Mas é preciso parar com isso, gente. Sério! Um levantamento feito pelo NHTSA apontou que 900 mil colisões foram provocadas por distração ao volante, em 2011. Dessas, 26 mil foram causadas pelo acionamento de funções no celular. O mesmo instituto realizou um estudo que chegou à seguinte conclusão: o uso de dispositivos móveis ao volante aumenta em até 400% o risco de acidente – muito mais do que a embriaguez. Ou seja, pare agora de dirigir e mexer no celular ao mesmo tempo
Atualmente, o uso de smartphone ao volante é proibido pelo Código de Trânsito Brasileiro. O ato é considerado gravíssimo, sendo passível de multa de R$ 293,47, além de render 7 pontos na carteira de habilitação. E tem mais: ao interagir com aplicativos do celular, você também pode ser autuado por não dirigir com as duas mãos ao volante, o que também é uma infração de trânsito e prevê multa de R$ 130,16 e 4 pontos na CNH.
No Brasil, segundo a Polícia Rodoviária Federal, no primeiro semestre de 2016, 22 mil motoristas foram flagrados nas rodovias brasileiras com falta de atenção ao volante ou distraídos por causa do celular.
Sabemos: naquele trânsito interminável na véspera do feriasão, ficar sem checar as notificações do celular é bem difiícil. Você quer mandar aquela bela foto na estrada, fazer um vídeo cantando aquela música chiclete ou responder uma conversa no Whatsapp (mesmo que por voz). Porém, a partir do momento em que a pessoa está olhando para a tela de seu smartphone em vez de manter o foco na pista, é como se o veículo dirigisse sozinho. Mas ainda não temos carros autônomos no Brasil!
Ficar sem olhar para a via à frente por aproximadamente dez segundos equivale a trafegar a 100 km/h por quase 280 metros enquanto você faz seu post. Ou, ainda, passar por quase 15 carretas enfileiradas – sem perceber que elas estão ali, já que a distração com o celular causa uma cegueira involunária no motorista sobre o que está acontecendo ao seu redor.
Dirigir e usar a central multimídia do carro ao mesmo tempo
A comodidade dos recursos tecnológicos dos carros novos é grande. Mas tem seus pontos negativos. Em 2017, a AAA, fundação pela segurança no trânsito dos Estados Unidos, em conjunto com a universidade de Utah, realizou um estudo sobre o comportamento dos motoristas diante das centrais multimídia dos principais carros à venda no país. A pesquisa chegou à conclusão de que esses equipamentos podem levar a uma grande distração dos motoristas, e tirar os olhos da via por apenas dois segundos dobra o risco de colisão.
De acordo com a pesquisa, um carro à velocidade de 40 km/h pode percorrer a distância de quatro campos de futebol durante o tempo que o motorista leva para inserir um novo destino no navegador, sem dar atenção ao trânsito.
Para a fundação, os carros de 2017 estão muito mais complexos em termos de tecnologia do que os de cinco anos atrás. “Os motoristas querem tecnologia segura e fácil de usar, mas muitos recursos acrescentados aos sistemas atuais são complicados demais e, algumas vezes, frustrantes”, diz Marshall Doney, presidente da AAA. “Alguns sistemas incluem funções não ligadas à tarefa de dirigir, como envio de mensagens, checagem de redes sociais e navegação na internet. Isso não devia estar sendo feito ao volante”, continua Doney, que completa: “As montadoras precisam visar a redução das distrações, criando sistemas que não exijam mais da visão e da mente quanto ouvir o rádio ou um audiobook”.
Dirigir com sono
“Dirigir exige o perfeito desempenho de três funções: a cognitiva (atenção, concentração, raciocínio e agilidade mental), motora (aquela que permite ao condutor reações imediatas) e sensório-perceptiva (que abrange o tato, a visão e a audição). Por isso, as paradas periódicas nos trajetos mais longos são tão importantes, já que contribuem para a segurança” declara o diretor-presidente do Observatório, José Aurelio Ramalho.
Não, não é uma boa ideia voltar para casa dirigindo, depois de um dia exaustivo no trabalho. Para Edilson Zancanella, médico coordenador do Departamento de Medicina do Sono na Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, a falta de sono está diretamente relacionada a um aumento dos riscos de provocar um acidente no trânsito, já que a falta de sono pode afetar a concentração. “O ronco, a apneia do sono e a insônia são sintomas da má qualidade do sono”, esclarece o médico. Daí vem a sensação de estar sempre cansado, das alterações de memória e de humor. A situação é ainda mais grave quando atinge os motoristas profissionais, que dirigem grandes distâncias.
Segundo a instituição, é importante que o motorista dê atenção aos sinais de seu corpo. Caso sinta sono, pare o veículo em local seguro, movimente-se, tome água ou um café. Mas lembre-se: cafeína pode reduzir o sono, mas ela não minimiza o cansaço.
Outra dica é evitar comidas pesadas e gordurosas como feijoada e massas. Em viagens durante a noite o cuidado deve ser redobrado, pois o cansaço se manifesta com mais frequência.
Ande na velocidade da via
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem, no mundo, por ano em acidentes de trânsito, e desse total metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas. Ainda de acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, o desrespeito aos limites de velocidade é responsável por 21,9% das mortes nas vias.
Por isso não adianta reduzir a velocidade do veículo apenas nos trecho com radares. Isso não vai evitar acidentes. Para coibir essa prática, cidades como São Paulo estão investindo em radares que fazem o cálculo da velocidade média do veículo para conferir se houve ou não excesso de velocidade no trecho.
Segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), apenas no primeiro mês de fiscalização da velocidade média de veículos na capital paulista 230 mil motoristas foram flagrados trafegando acima dos limites nas quatro vias com esse novo sistema de monitoramento.
Por enquanto, o programa não penaliza os motoristas, que apenas recebem cartas notificando a infração e relembrando como a atitude pode colocar em risco sua vida e a de outros. O limite de velocidade nas vias existe e precisa ser respeitado para evitar o aumento do número de acidentes.
Fonte: Caroline Sassateli/Michelle Ferreira, AutoEsporte.
Confira nosso último artigo: “”A gente não fabrica multas, só registra o que os motoristas fazem.”